Fluxus | Black&White
Fluxus | Black&White é uma exposição que remonta o passado recente da história do audiovisual no contexto das artes dos anos 1960 e 1970. Nesse momento, os artistas criam imagens, usando câmeras alternativas como o Super-8, 16mm e o Portapak, que passam a integrar suas experimentações de linguagem. Inspirados pelo contexto das vanguardas históricas, retomam o conceito de que a imagem é, em si, um meio para a expressão de sua arte, incorporando-a a tudo que está ao seu redor. Com o vídeo, essas possibilidades se ampliam ainda mais devido a seu caráter instantâneo; os artistas começam a utilizá-lo em tempo real, nas performances e happenings. As imagens de cinema, caras e quase sempre restritas aos modelos narrativos cinematográficos, passam a ser metaforicamente demolidas numa reconstrução de novos e infinitos sentidos. Esse território impuro é solo fértil para o nascimento da videoarte e para a consagração do filme fora de seu espaço convencional. O filme/vídeo se vê integrado ao universo cósmico das artes, e ocupa museus e galerias. O pensamento vanguardista estava correto; à arte não caberia restrições linguísticas, nem técnicas, nem espaciais.
A exposição Fluxus | Black&White propositalmente sugere uma dicotomia entre as imagens preto & branco e posturas de gênero feminino & masculino. De um lado estão as artistas mulheres, com sua força contestadora, expondo sua expressividade; e de outro, os homens que reafirmam seus domínios no amplo e eclético espaço das artes.
Joan Jonas, Martha Rosler, Mako Idemitsu, e Letícia Parente são as quatro artistas selecionadas para a exposição Fluxus | Black&White. Elas representam uma pequena revolução. Com câmeras em punho, desafiam o papel da mulher nos anos 1960 e 70. Diante das questões da condição feminina, interromperam o silêncio: filmo, logo existo. Seja como performer de suas próprias ideias e metáforas, como Letícia em frente ao espelho ao se maquiar como uma boneca autômata e bela; seja apresentando os utensílios impostos à ira feminina, em um dicionário distorcido da cozinha (M. Rosler); seja experimentando com os recursos da nova linguagem que surgia com a televisão e o vídeo e expondo o seu corpo sexualmente ativo (J. Jonas), seja exibindo o sangue que escoa de um absorvente no vaso sanitário ao pensar nas imposições sociais feitas apenas para meninas (Mako Idemitsu). Desafetos materiais, desmaterialização da angústia, as regras de uma nova imagem, a mulher questionada em sua política, uma arte que liberta.
Os trabalhos realizados pelos artistas masculinos, na exposição Fluxus | Black&White, são apresentados aqui como uma micro-antologia do período entre 1967 e 1974. É possível verificar algumas características frequentemente presentes naquela produção: a utilização da tecnologia como ferramenta de criação; a interferência no suporte material da imagem; o corpo e a câmera como modelos de representação. Tais características são evidentes nos filmes e vídeos de Ivens Machado, Nam June Paik e Jud Yakult, Woody Vasulka e Dennis Oppenheim; artistas com um olhar iconoclasta sobre os modos clássicos da expressão cinematográfica e profundamente interessados nas possibilidades sensoriais e visuais da imagem em movimento.
A exposição Fluxus | Black&White, comemorando 50 anos da criação do movimento Fluxus, traz 36 filmes em p&b, da seleção Fluxfilm Anthology, realizados no período de 1962 a 1970, compilados pelo fundador do Fluxus, George Maciunas (1931-1978), A antologia é composta por vários artistas que celebram o humor efêmero do movimento Fluxus tais como Nam June Paik, Wolf Vostell, Yoko Ono, Ben Vautier, Paul Sharits. Os filmes foram realizados em vários momentos e contextos como parte de happenings, performances, peças conceituais, filmes estruturais ou poemas visuais. Assistidos em conjunto, os filmes, mesmo quando despretensiosos, ainda hoje são desafiadores e nada fáceis de assimilar; colocam um desafio para o espectador que se pergunta: qual o limite para o filme? No contexto estético contemporâneo, no entanto, os Fluxfilms, com sua linguagem contestadora, irônica e fragmentada mostra um caráter visionário. O futuro era o Fluxus.
Francesca Azzi & Roberto Moreira dos S. Cruz
Curadores
ARTISTAS
Dennis Oppenheim (1938-2011)
Considerado um dos pioneiros da arte conceitual, Oppenheim fez parte da vanguarda dos artistas que no início dos anos 1970 utilizavam o filme e o vídeo como meio para a investigação de temas relacionados à arte corporal, à arte conceitual e à performance. Em uma série de trabalhos produzidos entre 1970 e 1974, Oppenheim utiliza seu próprio corpo para explorar os limites do risco pessoal, da transformação e da comunicação por meio de ações, interações e performances ritualísticas. Durante quatro décadas, atuou em todos os campos artísticos: escrita, performance, cinema, vídeo, fotografia e instalação. Precursor da Land Art e da Body Art, passou a trabalhar, nos anos 1970, com instalações que questionavam o ser, a natureza do processo artístico e o próprio conceito de representação. A iconografia de suas esculturas dos anos 1980 é caracterizada pela presença de máquinas de grandes dimensões, manipuladas como uma metáfora do processo de pensamento. Oppenheim nasceu em 1938, em Electric City, Washington, obteve um BFA da School of Arts and Crafts, de Oakland, na Califórnia (1965), e um MFA da Universidade de Stanford (1966). Foi agraciado com o Guggenheim Foundation Fellowship (1969); o National Endowment for the Arts Fellowships (1974); o prêmio Excellence in Transportation, oferecido pelo Estado da Califórnia em 2003, e, ainda, com o Lifetime Achievement Award da Bienal de Escultura de Vancouver. Viveu em Nova Iorque até sua morte em 2011.
Two Stage Transfer Drawing (Returning to a Past State)
Two Stage Transfer Drawing (Advancing to a Future State)
Em um dos vídeos (Returning to a Past Stage), temos o filho de Oppenheim fazendo um desenho nas costas do seu pai. Com base na sensação tátil, o artista tenta copiar esse desenho na parede. Na outra versão (Advancing to a Future State), ocorre o oposto, com o artista desenhando nas costas do filho, que por sua vez tenta reproduzi-lo na parede.
Ivens Machado (1942)
Nasceu em Florianópolis, em 1942. Em 1964, muda-se para Rio de Janeiro, onde estudou gravura e educação artística na Escolinha de Arte do Brasil. Ao longo da sua trajetória, deu aulas de arte em diversas instituições. Foi aluno de Anna Bella Geiger de 1968 a 1969. Em 1973, realiza a primeira instalação Cerimônia em três tempos premiada no 5º Salão de Verão do Museu de Arte Moderna (MAM), do Rio de Janeiro; nesse mesmo ano, participou pela primeira vez da Bienal Internacional de São Paulo. Em 1974, faz sua primeira exposição individual na Central de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro.
Na década de 1970, realiza seus primeiros vídeos que, assim como as fotografias, eram registros de performances. É um dos pioneiros da videoarte no Brasil, ao lado de Anna Bella Geiger, Sônia Andrade, Letícia Parente, Fernando Cocchiarale, dentre outros.
A partir do final da década de 1970, Machado passou a se dedicar à produção escultórica, utilizando-se com frequência de materiais da construção civil (ferro, cimento, argila, telhas, vidros), que conferem formas brutas, ásperas e irregulares aos seus trabalhos. Em 2008, a convite do Oi Futuro, Ivens Machado retoma à produção videográfica para a exposição Encontro/Desencontro que apresenta seus vídeos realizados nos anos 1970 e videoinstalações inéditas desenvolvidas especialmente para ocasião. A exposição trouxe obras inéditas como Encontro/Desencontro, Ordem Unida, Paranóia e Perseguição, todas com direção de Machado e Samir Abujamra, além de versões restauradas dos seus primeiros vídeos como Versus (1974); Dissolução (1974), e Escravizador/Escravo (1974).
Versus
Trabalho pioneiro de vídeo de um artista brasileiro, em que o movimento de panorâmica da câmera provoca uma imagem vertiginosa, alternando-se da esquerda para a direita, entre os dois personagens em cena.
Joan Jonas (1936)
Um dos mais importantes nomes da vídeoarte e da performance. Joan Jonas foi uma figura central da arte performática de meados da década de 1960. Ao criar trabalhos que examinam a questão do espaço e dos fenômenos perceptivos, a artista fundiu elementos da dança, do teatro moderno, do teatro Nô, do teatro Kabuki e das artes visuais. Tanto em seus influentes exercícios performáticos da década de 1970, quanto em suas posteriores narrativas televisuais, as ardilosas representações teatrais da identidade feminina, criadas por ela, transformaram-se em questionamentos originais e intrigantes. Ela utilizou o vídeo pela primeira vez em uma performance ao vivo, intitulada Organic Honey's Visual Telepathy (1972). Ao retratar as performances conceituais e os movimentos artísticos sobre o corpo realizados na década de 1970, seus primeiros vídeos abrem novos caminhos para a aplicação das propriedades dessa nova mídia e, consequentemente, para o desenvolvimento de um estudo autorreflexivo sobre a questão da identidade feminina. Suas primeiras obras, incluindo o clássico Vertical Roll (1972), exploram a fenomenologia da mídia do vídeo - sua função de espelho e sua franqueza - para criar um teatro do ser e do corpo.
Joan Jonas nasceu em 1936, em Nova York, e se graduou em História da Arte no Mount Holyoke College (1958). Estudou escultura na escola do Museu de Belas Artes de Boston e obteve um MFA em escultura na Universidade de Columbia (1965). Suas performances e suas obras têm sido amplamente exibidas e premiadas em todo o mundo. Desde 2000, leciona no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), da Universidade de Cambridge, em Boston.
Vertical Roll
Neste famoso trabalho pioneiro, Joan Jonas manipula a gramática da câmera e da tevê para criar a sensação de um espaço físico extremamente conturbado e claustrofóbico. Com o deslocamento ininterrupto da imagem, o espaço da performance passa a funcionar como uma metáfora da instável identidade de uma figura feminina, às vezes mascarada, que vagueia pelo monitor, ao som agudo de uma batida repetitiva e ensurdecedora. A trepidação rítmica da imagem cria uma sensação de fragmentação, Jonas se apropria de um dos ruídos mais comuns, que afetavam as antigas imagens televisivas analógicas, chamado de vertical roll. Explora a ideia de mudança constante da natureza desta imagem, bem como de seu estado psicológico como performer.
Letícia Parente (1930 - 1991)
Nasceu em Salvador em 1930. Doutora em química, professora titular da Universidade Federal do Ceará e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Letícia Parente é uma das pioneiras da videoarte no Brasil. Estudou artes no NAC (Núcleo de Artes e Criatividade), em 1972, com Pedro Dominguez e Hilo Krugle. Nos anos 1970, participa das mais importantes mostras de videoarte, tanto no Brasil como no exterior. Realiza sua primeira exposição individual Monotipias, em 1973, no Museu de Arte Contemporânea de Fortaleza. Em 1976, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), realiza a instalação Medidas, considerada a primeira exposição no Brasil a explorar as relações entre arte e ciência. Participou do Projeto Vermelho, da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), São Paulo, com o objeto-instalação Constatação (1986); e do Projeto Arte Postal, na 16ª Bienal Internacional de São Paulo, 1981.
Entre 1970 e 1991, Letícia realiza pinturas, gravuras, objetos, fotografias, audiovisuais, arte postal e xerox, vídeos e instalações, nos quais predominam a dimensão experimental e conceitual. Seu vídeo Marca Registrada (1975), em que borda as palavras "Made in Brasil" na planta dos pés, tornou-se uma referência para a videoarte brasileira. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1991.
Preparação I
A artista chega no espelho do banheiro e vai se preparar para sair. Cola um esparadrapo sobre um dos olhos e desenha sobre o esparadrapo com lápis de sobrancelha um olho aberto. Faz o mesmo com o outro olho. Em seguida, cobre a boca com esparadrapo também, e desenha sobre ele com um batom uma boca. Ajeita o cabelo. Pega a bolsa e sai.
Mako Idemitsu (1940)
Ao recodificar as convenções das novelas melodramáticas, a artista japonesa Mako Idemitsu constrói narrativas que examinam a identidade e o papel cultural das mulheres dentro do contexto da família japonesa contemporânea. Cria obras que reproduzem e, simultaneamente, subvertem os populares dramas familiares da televisão japonesa. Mako Idemitsu foi uma importante precursora da arte feminista no Japão, começou a fazer filmes e vídeos no início dos anos 1970 e nos últimos anos tem se tornado internacionalmente conhecida por sua série de trabalhos narrativos examinando o atrito psicológico causado pela estrutura japonesa.
Mako Idemitsu nasceu em Tóquio, no Japão, em 1940 e estudou na Universidade de Waseda, também em Tóquio, e na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. De 1963 a 1975, Idemitsu viveu nos Estados Unidos, onde se envolveu com análises junguianas e estudos feministas. Suas obras fazem parte das coleções permanentes de vários museus, tais como: o Fukuyama Museum, de Tóquio, e o Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque. Idemitsu já exibiu seus trabalhos amplamente em todo o Japão e em festivas e instituições internacionais. Mora em Tóquio.
What a Woman Made
No influente vídeo feminista de Makao Idemitsu, a imagem quase abstrata de um tampão escorrendo em um vaso sanitário surge lentamente. Um locutor, com uma voz masculina suave, em um tom clínico, descreve as complexas funções, responsabilidades e expectativas na criação de uma mulher japonesa. A partir de uma composição minimalista, What a Woman Made faz uma crítica direta ao lugar dado às mulheres nesta sociedade.
Martha Rosler (1943)
Em seus trabalhos em vídeo, performance, escrita crítica e instalação, Martha Rosler constrói incisivas análises sociais e políticas sobre os mitos e as realidades da cultura contemporânea. Suas obras em vídeo, articuladas com humor sarcástico, investigam a maneira como as realidades socioeconômicas e as ideologias políticas dominam a vida cotidiana. As produções de Rosler abarcam desde questões relacionados ao espaço público, quanto à guerra, às experiências das mulheres e às informações da mídia.
Martha Rosler nasceu no Brooklyn, em Nova Iorque, onde vive e trabalha. Licenciou-se no Brooklyn College e obteve um MFA da Universidade da Califórnia, em San Diego. Desde então, deu aulas na Städelschule, em Frankfurt, e na Universidade Rutgers, em Nova Jersey. Além de estarem presentes em centenas de faculdades, universidades e centros independentes ao redor do mundo, seus trabalhos, nas mais variadas mídias, fazem parte das coleções permanentes de diversos museus, tais como: o Metropolitan Museum of Art, o Whitney Museum of American Art e o Guggenheim Museum, o San Francisco Museum of Modern Art, o Stedelijk Museum, de Amsterdã. Suas obras também foram exibidas em vários festivais e bienais. Em novembro de 2012, Rosler apresenta sua primeira exposição individual no Museu de Arte Moderna de Nova York, intitulada Meta-Monumental Garage Sale.
Semiotics of the Kitchen
Semiotics of the Kitchen adota a forma de uma paródia culinária na qual, segundo Martha Rosler, "uma espécie de anti-Julia Child desarticula o significado domesticado de certos utensílios por meio de um léxico de raiva e frustração". Uma câmera estática focaliza a própria artista em uma cozinha, com vários objetos localizados sobre a mesa à sua frente. Rosler, em sua performance, apresenta cada um dos utensílios, pronuncia seus nomes e passa a demonstrar sua utilização por meio de gestos incompatíveis com as suas funções dita "normais". A partir de uma irônica gramatologia sonora e gestual, a performance transgride o sistema de significados de uma cozinha tradicional. Em outras palavras, as acepções convencionais relacionadas à indústria doméstica e à produção de alimentos explodem em raiva e violência. De acordo com Rosler, quando a mulher se apropria desse alfabeto de utensílios culinários, ela passa a "usar a voz para nomear sua própria opressão".
Nam June Paik (1932–2006) & Jud Yalkut (1938)
Nam June Paik um dos grandes artistas da arte contemporânea e uma figura seminal da arte do vídeo. Suas videoesculturas, instalações, performances e seus vídeos formam um dos conjuntos artísticos mais influentes do meio. Desde suas performances, no movimento Fluxus, e suas exibições compostas por distorções de imagens de aparelhos de televisão, realizadas no início dos anos 1960, até seus revolucionários vídeos e instalações multimídia das décadas de 1970 a 1990, Paik deu uma enorme contribuição para a história e desenvolvimento do vídeo como forma de arte. Ao combinar estratégias radicais do fazer artístico com um humor irreverente, ele desconstrói e desmistifica a linguagem, o conteúdo e a tecnologia do meio.
As primeiras obras de Paik trazem a assinatura das manipulações de imagem e colorizações do Sintetizador de Paik/Abe, um dispositivo desenvolvido por ele, em 1969, jutamente com o engenheiro eletrônico Shuya Abe. Seus experimentos com o Sintetizador Paik/Abe ajudaram a revolucionar a gramática tecnológica do meio. Suas obras são, frequentemente, produções colaborativas ou tributos aos artistas vanguardistas que eram seus amigos e colegas, tais como: John Cage (A Tribute to John Cage, 1973), Merce Cunningham (Merce by Merce by Paik, 1978), Allen Ginsberg e Allan Kaprow (Allan 'n' Allen's Complain, 1982), Julien Beck e Judith Malina (Living with the Living Theatre, 1989).
Paik nasceu em Seul, na Coréia, em 1932. Estudou música e história da arte na Universidade de Tóquio, onde produziu uma tese sobre Arnold Schoenberg e concluiu sua gradução com uma licenciatura em estética em 1956. Paik continuou seus estudos nas Universidades de Munique e Colônia e no Conservatório de Música de Freiburg, na Alemanha. Depois de conhecer o fundador do Fluxus, George Maciunas em 1961, participou de inúmeras performances, ações e eventos do Fluxus europeu. Suas obras têm sido objeto de inúmeras exposições, retrospectivas e festivais. Nam June Paik morreu em 2006, em Miami, nos Estados Unidos.
Jud Yalkut é um cineasta e videomaker underground, que participou de momentos cruciais da história inicial da arte do vídeo. Em 1965, tornou-se um cineasta residente do grupo de contracultura chamado USCO e, de 1966 até 1970, colaborou com Nam June Paik em uma série de trabalhos em vídeo, nos quais Yalkut usa o filme não apenas para documentar as performances, mas também como um elemento para criar diálogos entre o cinema e o vídeo, por meio da edição e da justaposição de imagens.
Yalkut nasceu em Nova Iorque, em 1938. Entre as importantes exposições de vídeo e mídia artística experimental organizadas por ele, encontram-se: Computer Art: An Ohio Perspective (1993) e Art From Virtual Realities (1996), ambas no Dayton Visual Arts Center. Além de ser agraciado com inúmeros prêmios e bolsas — incluindo a Writing-In-Media, oferecida pelo New York Council on the Arts, para a realização do manuscrito Electronic Zen: The Alternate Video Generation — Yalkut tem também trabalhado como escritor, publicando, desde 1966, artigos que tratam de temas realcionados às artes e a mídia.
Cinéma Metaphysique: Nos. 2, 3 e 4
Um dos trabalhos pioneiros que fazem parte dos clássicos vídeo-filmes, realizados de forma colaborativa por Paik e Yalkut. Para acompanhar as abruptas interjeições sonoras de Takehisa Kosugi, um dos compositores afiliados ao Fluxus, Yalkut apresenta um filme em preto e branco que registra ações breves de indivíduos mascarados: um braço com o punho cerrado, a imagem de dois rostos dos quais se vê apenas os olhos que espreitam e Paik comendo uma fatia de pão. Remanescente do teatro de Beckett, bem como dos movimentos minimalistas da dança vanguardista da década de sessenta, Cinéma Métaphysique é um estudo sobre gestos, silêncio e barulho.
Woody Vasulka (1937)
Bohuslav Vasulka (Woody) nasceu em Brno, na República Tcheca, em 20 de janeiro de 1937. De 1952 a 1956, Vasulka estuda metalurgia e mecânica na escola de engenharia industrial de Brno. Alguns anos mais tarde, conclui sua graduação na faculdade de cinema e televisão da Academy of Performing Arts de Praga.
Em 1965, emigra para Nova Iorque com sua esposa, Steina, e passa a trabalhar como designer e editor de filmes, dando início a suas experiências com som eletrônico, luz estroboscópica e vídeo. Em 1968, Vasulka realiza suas primeiras experiências com imagens eletrônicas e abandona a forma cinematográfica em favor do vídeo. De 1969 a 1971, com a ajuda de uma câmera Portapak, Steina e Woody Vasulka documentarem os shows e performances do movimento da contracultura de Nova Iorque. Em 1971, o casal Vasulka inaugura, juntamente com Andrea Manick, o The Kitchen, um espaço destinado à produção e apresentação da arte eletrônica. AlphaEm 1974, ambos passaram a lecionar no Center for Media Studies at the State University of New York (SUNY). De 1976 a 1980, Woody trabalhou com Jeffrey Schier na construção do Vasulka Imaging System ou Articulador de Imagem Digital, que é um dos primeiros dispositivos capazes de gerar imagens por algoritmos e de convertê-las em sinais analógicos.
Na década de 1980, foram realizadas várias exposições individuais, dedicadas a Steina e Woody Vasulka, em museus e centros artísticos dos Estados Unidos, da França, da Itália e do Japão. AlphaEm 1998, o San Francisco Art Institute, da Califórnia, conferiu o grau de doutor honoris causa a Steina e Woody Vasulka, em reconhecimento às notáveis realizações alcançadas por eles no campo das artes mídiáticas. Em 1999, o casal fundou o Arts and Science Laboratory, em Santa Fé, com o compositor David Dunn e o físico James Crutchfield.
Reminiscence
Reminiscence é o registro de uma caminhada, através de uma câmera subjetiva realizada em Portapak, por uma fazenda na Morávia — local onde Woody Vasulka passou sua juventude —, apresentado a partir dos efeitos transformadores do processador Rutt/Etra. As imagens tornam-se assustadoramente esculturais ao se desvanecerem de modo gradual e abstrato, semelhante ao processo de evocação da memória.
» Os filmes da Fluxfilm Anthology
Fluxfilm Anthology (1962 – 1970)
Fluxfilm #1: Zen for Film
Fluxfilm #2: Invocation of Canyons and Boulders (for Stan Brakhage)
Fluxfilm #3: End After 9
Fluxfilm #4: Disappearing Music for Face
Fluxfilm #5: Blink
Fluxfilm #6: 9 Minutes
Fluxfilm #7: 10 feet
Fluxfilm #8: 1000 Frames
Fluxfilm #9: Eye Blink
Fluxfilm #10: Entrance to Exit
Fluxfilm #11: Trace #22
Fluxfilm #12: Trace #23
Fluxfilm #13: Trace #24
Fluxfilm #14: One
Fluxfilm #16: Four
Fluxfilm #17: Five O'Clock in the Morning
Fluxfilm #18: Smoking
Fluxfilm #19: Opus 74
Fluxfilm #20: Artype
Fluxfilm #22: Shout
Fluxfilm #23: Sun in Your Head (Television Decollage)
Fluxfilm #24: Readymade
Fluxfilm #25: The Evil Faerie
Fluxfilm #26: Sears Catalogue 1-3
Fluxfilm #27: Dots 1 & 2
Fluxfilm #28: Wrist Trick
Fluxfilm #29: Word Movie
Fluxfilm #30: Dance
Fluxfilm #31: Police Car
Fluxfilm #36: Fluxfilm No. 36
Fluxfilm #37: Fluxfilm No. 37
Fluxfilm #38: Je ne vois rien Je n'entends rien Je ne dis rien
Fluxfilm #39: La traversée du port de Nice á la nage
Fluxfilm #40: Faire un effort
Fluxfilm #41: Regardez moi cela suffit
OI FUTURO
GALERIA
VISITAÇÃO
CRÉDITOS
fluxus | black&white
Zeta Filmes
Curadoria
Francesca Azzi
Roberto Moreira dos S. Cruz
Museografia
Valdy Lopes Jn.
Assistente de Museografia
Carolina Montoia
Produção
Daniella Azzi
Eduardo Garreto Cerqueira
Assistente de Produção
Elida Silpe
Cenotecnia
Opa! Cenografia e Montagem
Equipamento e Montagem de Áudio and Vídeo
BeLight
Voltz Design
Direção de Criação e Produção Gráfica
Alessandra Maria Soares
Cláudio Santos
Designers
Claudio Santos
Marco Nick
Website (programação)
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Fotografia
Alexandre C. Motta
Tradução e Vers;ão em Inglês
Alcione Silveira
Agradecimentos
A todos os artistas convidados
Anita Schwartz Galeria de Arte, Andre Parente, EAI – Electronic Arts Intermix, Fred Bülow Ulson